Ao meu pai

Que nunca soube quem eu sou,

Nem nunca quis saber o que eu gostaria de ser

Todo tempo

Rompendo padrões rígidos

Tentando ser o que se é

Desafiando a vida

O acaso às vezes protegendo

O destino impulsionando

Alimentando a própria natureza

Crescendo conheceu as dores do abandono

Sem querer se tornou independente

Talvez por isso;

Tombou algumas vezes, se machucou, se reergueu

Reservadamente;

Chorou de medo e pela falta de afeto

Frequentemente;

Riu de si mesma pelos enganos incontroláveis

Ingenuamente se acolheu em alguns braços

E por entre abraços recebeu algum calor humano

Nesse ciclo de vida

Ainda menina descobriu no mundo das palavras

Uma espécie de agasalho

E disfarçada pela linguagem literária

Desafiou as possibilidades inexatas

Então voltou para eu e escreveu

E rompendo as formas se autorizou

Dizer a verdade de si mesma

Na prosa, na poesia, nas letras escritas.

Cássia Nascimento
Enviado por Cássia Nascimento em 24/10/2014
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