Deixo andar
para sempre é uma palavra delicada, fácil de quebrar,
já que ninguém nunca é o mesmo, já que a vida é movimento
assim, estou e vou, pela estrada de manhã até o anoitecer
e quando o dia torna amanhecer ainda estou e vou
de manhã, à noite, até de madrugada pela estrada
desse modo, à vida amada, vou com ela
contemplativa sem esperar chegar bem longe
amanhã vive a me levar, solta, em toda beleza que há
na poesia, na pedra inda, no bambu que não se quebra
nem com a força da curvatura dura
diminuo a luz e a claridade nesse meu caminhar
quando estou e vou, deixo andar a vida.