SOLTANDO DAS MÃOS
(Sócrates Di Lima)
Abri uma janela com os pensamentos,
mas,
ao olhar as folhas se debatendo com o vento,
percebi o tormento dos meus desejos,
e nas entrelinhas,
das palavras escritas,
mas não ditas,
e que o vento espalha,
vejo que este vento não se fez brisa,
apesar de ter-me acariciado a face.
E então não há como seguir adiante,
e nem receber o frescor
dessa brisa como queria sentir.
Há um passado latente,
que queima e não liberta,
e não se permite estender as mãos
e pegar outras mãos
e caminhar ao encontro da estrada
que um novo amor estaria a esperar,
e assim,
fico, ainda, só,
olhando a janela os pássaros indo e vindo
com os ventos das tardes que me mantem só.
Solto assim,
as mão que não se seguraram,
As mãos que não se pegaram,
E que se mantem na distância,
Longe dos anseios,
De um amor escondido,
Nas nuvens acinzentadas,
No céu de minha alma.