MEDO
(Sócrates Di Lima)
Não tenho medo da morte,
E nem do inimigo,
Tenho medo da falta de sorte,
De continuar sob meu próprio abrigo.
Na noite eu tenho medo,
Da escuridão do meu coração,
De não poder enxergar o degredo,
Que possa corroer minha razão.
Tenho medo da insônia,
E me perder no meio da noite,
E entrar em agonia,
Como o mar em rebeldia,
Ou o vento em açoite.
Não tenho medo de estar sozinho,
Mas, de estar sem você,
De me perder do seu caminho,
E o amanhecer não ter por que!
E se isso me causa desassossego,
E então me faça perturbado,
E entrar no desapego,
E suas lembranças deixar de lado...
Não sou de viver do passado,
Não sou de andar para trás,
A vida segue para a frente,
Mesmo em tempo descompassado,
E tudo que possa haver entre a gente,
O medo em mim se desfaz...
Não me deixe ter medo de mim,
Nem da insônia da minha saudade,
Porque assim,
Se você silenciar de verdade,
A minha realidade,
Na sua...
Nua,
Vai ao fim,
E com o tempo vencido,
Esquecido...
Perderá a validade,
E na minha cama,
Sem sua chama,
Morrerá a saudade.