Ógio

O relógio está batendo, os ponteiros estão caminhando, mas nada sai do lugar.

A ansiedade congela minha alma e paro. Será Deus sempre assim? O relógio continua tiquetaqueando, tiquetaqueando também está meu tenso coração.

Meu receio de ser e não ser, meus velhos inimigos íntimos, fantasmas que não sabem nem pra onde vão, não sabem sobre seu próprio querer. E dizem o que não quer.

Oh, relógio! Que bate me diz rapidamente pra onde vou, me faz esquecer quem sou, deixai de me entorpecer e me faça caminhar.

Oh, relógio! Pare! Não vês como estou: egoísta, insano, maldoso, amargoso.

Oh, relógio! Tão longe do fim, fim do inicio, começo do meio?

Ogio cortaste ao meio de tanto receio

Oco cuco tiquetaqueia sem meias

Velho caduco saíste deste teu mundo?