AURORA
Defronte ao juiz,
um pobre coitado,
um trabalhador,
recebe a sentença
Ignora o crime que lhe imputam,
porém,
de mãos dadas e sorrisos faceiros,
a Igreja, a Justiça e o patrão de todos,
mandam à cadeia um trabalhador
É mais um entre tantos já supliciados
A súcia reunida sacia-se do sangue que derrama
Nada se lhes importa se matam velhos e crianças
Debitam ao deus pluto oferendas e mais sangue
Até quando?
O sol brilhará e será novos tempos
Colibris cantarão
Jardins florirão
A chuva não será dilúvio
e a lavoura será farta
Sobre a mesa o alimento saciará a fome
Viadutos e pontes cumprirão sua função
Ficar ao relento será só para ver as estrelas
Que a justiça seja feita em nome do justo
Que seja a regra, não a exceção