ABRAÇANDO O DIA
(Sócrates Di Lima)
Abracei a aurora,
Que acaric-me levemente,
Não quis me deixar ir embora,
Sussurou-mue docemente.
Levantei-me com ela,
Nos braços do dia,
No abraço dela,
Orei poesia.
E cantei a alegria,
Com o Sol se levantando,
Um cheiro de orgia,
De amantes amando....
E lá se foi a aurora,
E já era meio dia...
Deixara ir embora,
Na leveza que sentia.
Então vespertina,
Me abraça ao meio,
Serena rotina,
Me diz porque veio!
E a boca tomou-se selvagemente,
A noite caia,
Com alma, coração e mente,
No cheiro da manhã ao final do dia.
Boca da noite,
Morde minha voz em nostalgia,
Lembro-me, chamo, um açoite,
Ninguem me ouvia....
Ai então, cheguei em casa,
Não foi longa a viagem,
Quebrada a asa,
Em minha mente não tinha mais imagem...
Sentei na Berger,
Me olhei no grande espelho,
Minha alma quer,
Talvez um conselho.
Respirei fundo,
Suspirei aliviado do cansaço,
O dia se fechou no meu mundo,
E a noite serena me deu seu abraço.