o deus desconhecido
Palavras libélulas
borboletas
grilos
traças
corvos azuis
passam por mim,
e me atravessam.
_ Não pertencem ao presente,
são ancestrais.
Minh´ alma sopra.
_ Anteriores á linguagem? Pergunto,
e a alma me responde:
_De onde o tempo não importa,
talvez, quem sabe,
de um espaço-tempo sem palavras ?
Escutando minha alma que se fez palavras,
apesar de negá-las,
aquelas animais descansam em meus ombros,
frágeis pássaros quebradiços.
Transformada em árvore,
rezei a um deus desconhecido:
_ Fiquem comigo, lhes imploro!
Me acompanhem,
me dêm o tempo de compreender.
Ao perceber o fervor do meu espanto
fugiram assustadas,
não mais me rodearam a quebra mar,
nem dançaram à luz de meu olhar.
Mas outras chegaram fortes e palpáveis,
na verdade frágeis coriscos em noite de verão.
Frágeis e fortes,
criando não um momento fauna-flora,
me tornando libélulas
borboletas
grilos
traças
corvos azuis.
Multipla, animais e árvore recebo o que me vem,
e o deus desconhecido
aflora em mim.