NOTÍVAGO
O notívago espera
sua cúmplice chegar
ele só abandona a solidão
ele só arruma companhia
quando a noite chega...
Ela espera a luz do dia se dissipar
pra poder aparecer
e quando a noite chega
com seu véu negro
ornada pela lua
e pelas estrelas
o notívago sai do anonimato
ele sente o abraço
da noite perfumada
aí sim ele se arruma
e sai de casa
Com a noite
ele se entrega ao prazer
aos vícios mundanos e a luxuria
ele bebe em bares
ele faz poesia
ele se entrega à orgia
assim faz o notívago
com sua cúmplice escura
Ele desafia vampiros malditos
que querem sangue
ele enfrenta criminosos e farsantes
nos becos e guetos
ele sente medo
mas ele reza
pede que a noite não o abandone
ele ama e comete pecados
com a noite do seu lado
E quando ele escuta o galo cantar
o notívago sabe
que já vai raiar um novo dia
e sua cúmplice
terá que ir embora
o notívago despede-se
das estrelas e da lua
e o sereno da noite beija sua face
a noite bandida vai embora
o notívago vai pra sua casa
ele fecha as portas e janelas
ela não deixa nenhuma
fresta aberta
E com o corpo fadigado
ele descansa
e o homem da noite mundana
dorme de dia
como se fosse uma criança