A cada estação
Será que
O que sai de dentro da gente
É o que a gente é?
E se é,
O medo pode impedir de se mostrar o que se é?
Sendo ou não sendo,
Faltaria espaço sideral
Para demonstrar o que se é?
Ou será influencia do ego
Omitir o eU que se sente ser?
Hoje uma amiga, ao ler a poesia Ardida, de minha autoria, disse: sua poesia lembra Vladimir Maiakóvski. Sinceramente, pela primeira vez alguém se referiu a minha escrita assim, pontuando semelhança com algum poeta, e um poeta de origem russa. Eu já ouvira que minha linguagem é poética, até nos textos de jornalismo quando escrevo um artigo ou na reprodução de uma entrevista ou reportagem, naturalmente minha linguagem é poética. Talvez por que minha essência seja melodiosa, embora a inquietude e o movimento também façam parte da minha natureza humana, o que muita gente supõe ser contraditório, mas a mim não é! Muitas vezes eu mesma me surpreendo com o que sai da minha linguagem escrita. O significado do título: Ardida, estar em fogo ou aceso, estar muito quente, brilhar como chama, sentir sensação de ardor.
* Vladimir Maiakóvski é o maior poeta russo moderno, aquele que mais completamente expressou, nas décadas em torno da Revolução de Outubro, os novos e contraditórios conteúdos do tempo e as novas formas que estes demandavam. Maiakóvski deixa descortinar em sua poesia um roteiro coerente... Ele é um dos raros poetas que conseguiram realizar poesia participante sem abdicar do espírito criativo.
COMUMENTE É ASSIM
* Vladimir Maiakóvski
Cada um ao nascer
traz sua dose de amor,
mas os empregos,
o dinheiro,
tudo isso,
nos resseca o solo do coração.
Sobre o coração levamos o corpo,
sobre o corpo a camisa,
mas isto é pouco.
Alguém
imbecilmente
inventou os punhos
e sobre os peitos
fez correr o amido de engomar.
Quando velhos se arrependem.
A mulher se pinta.
O homem faz ginástica
pelo sistema Muller.
Mas é tarde.
A pele enche-se de rugas.
O amor floresce,
floresce,
e depois desfolha.