Eu Impostor.

Eu sempre me senti um impostor.
Desde criança era como se eu não fosse eu.
Eu era uma espécie de invasor, um outro qualquer.
Eu só sei que eu não era eu, eu era outro.
Talvez eu fosse um ser de outra dimensão.
Alguém que se apropriou desse corpo.
Mas alguma coisa saiu errada.
Pois nunca fui bom em nada nesse mundo.
Eu não era bom de briga, perdia todas.
Até de menina eu apanhava, era um desastre.
Eu era um grosso na linha, virei goleiro.
Um frangueiro é claro.
Nem falar direito eu sabia, gaguejava.
Quando eu invadi esse corpo acho que o deformei um pouco.
Estiquei, fiquei desengonçado cumprido e mal acabado.
Ai o jeito foi ser um punk atrapalhado.
Tudo piorou quando vieram as mulheres, ah as mulheres, mulheres...
Eu as adorava, as desejava, mas elas nem me notavam.
Eu era o patinho feio, que jamais viraria um cisne.
O tempo passou, o verão derrepente virou inverno.
E eu aqui no ocaso da minha vida.
Já fumei, bebi, joguei e perdi, chorei e até sorri.
Mas de uma coisa eu tenho certeza.
Eu não sou daqui. 
Paulo Siqueira Souza
Enviado por Paulo Siqueira Souza em 24/06/2011
Reeditado em 24/06/2011
Código do texto: T3054436
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