A PIADA
Sinto um gosto amargo na boca!
eis a penumbra da alma,
bebo um conhaque com gosto;
fumo um cigarro de palha.
trago feridas na mente
presume a alma incurada,
sangro com o olho o desgosto
estanquo a beleza alvorada.
taça, punhal, pentagrama...
cega-te a fé maculada,
escuto o espelho que trinca
cacos de mim na calçada.
mortandade assola meio-dia
meia-noite rasga-mortalha
sede, fome, agonia...
solo rachado na estrada
nada de novo eu diria,
veja heroína ironia!
da ladainha triste eu riria;
se não fosse eu a piada.