CAPACIDADE INVENTIVA
Sou um poeta sem mídia
Sem midas, sem cifras.
Sou um poeta da práxis cisão
Da força midríase,
Do corpo metido no lírico vão...
Sou um poeta perdido
Subjetivo ganhando amplidão.
Um poeta com pés tão primários
Que ardem nas nuvens
Por pura convicção...
Sou um poeta que não tolera
Ódio, ópio, falcatrua, má intenção!
Sou um poeta sem garantia plena
De uma pena qualquer,
Seja por dependência humana
Entre quatro paredes,
Ou pelo tinteiro volátil
Da minha lágrima de mulher...
Sou o que não combina
Quando descortina dor e corte,
Sou o que não determina
A tirânica áscua da morte...
Sou um poeta em contínuo transe
Na deliciosa desmedida da rima.
Um poeta sem eira nem beira
Uma cabeça cabreira
Metida em dúvidas e planos,
Mas sempre voando
Voando
Voando...
Sou um poeta com algumas sílabas
E uma humilde ortografia normativa.
E agradeço a Deus, todos os dias
Minha gula
Pela genética inventiva!