CARNE E PÓ

Quanto eu quiser ser carne

Eu vou te procurar

Te entregarei proteínas, fibras, músculos

É isso o que vc quer ?

Então carne é o que terás...

Talvez maquiada de vermelho

Talvez retocada no espelho

Um pouco de sorriso forçado

Cheia de encantos floridos

Pra mais tarde consumir te em gemidos

A carne é tua, ai tens

Pega, toca, beija, lambuza

Abraça, amassa, goza e usa

Em troca, eu grito

Te afago aflito

Te acalmo e clamo

Te contemplo menino

Te achas tão feliz nesta hora

E eu irônica não te entendo e vou embora

Ficou contigo o sangue da carne

O gosto viscoso na boca

E não tens mais que me procurar

Porque minha alma não é tua

Somente a carne é que te dei

Te consumia o desejo, agora é morto

Te desejava um beijo, agora é pouco

Quero muito mais do que carne

O que te dei é tudo o que compreendes

O que me deste é pouco pra minha alma pagã

Fomos eu e tu, carne, gozo e só

Te esqueço em breve

De lembranças quentes

Restará em ti apenas pó

Quero a alma nua de um poeta

Que voou pela minha janela

E abraça o luar prateado lá fora

E me acena com versos

E com ele me vou embora

Porque quero um amor que completa

Este é o amor poeta

Pra não ser somente carne

Pra ser também versos em lua

Pra ser alma inteira vestida de corpo nua

O poeta não quer apenas a carne

Ele é parte de mim é meu cúmplice e companheiro

Sorri calado a cada erro que desatino

Mas pra ele sempre volto

Pois o poeta é meu único destino...

Adriana Alves (Poetisa Lancinante)
Enviado por Adriana Alves (Poetisa Lancinante) em 02/05/2010
Código do texto: T2231798
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