O que fazer?

O que é mesmo isso que parte o ser vez por outra?

Seu caminho em anseio indevido?

Ou sua preocupação sem leis...

Seu corpo despedaçado em mente absorta

Sua presunção no chão descalça em cacos de vidro

Ou sua roupa adiposa sem tez?

Engano quem senão eu mesmo com discursos

E se não tem nada mais que o rio onde entro?

Com este muito é ruim estar seguro...

Mergulhado em giz, desenhos murchos

Um cordado infeliz é o que apresento

Que atentado fez seu próprio muro.

O que faço? Destruo a pedra e me lanço?

Arrebento o lacre da incerteza?

Mas, qual havia em mim antes?

Se arrisco e caio ou balanço

Não descubro se uso da avareza

Para definir o sol dos meus instantes.

Assim, nem dia, nem hora, nem semana existe!

Pois, a menor partícula foi sempre a mais aguda

Frágil em noção como um segundo.

Sem calor, turva e indiscreta persiste

No gênero humano a chama, rompendo tudo e tuda

E reclamando sempre um vão profundo.

oduduá samba
Enviado por oduduá samba em 27/04/2010
Código do texto: T2222918