Luvas Pretas e Livros

(Um par de luvas pretas e livros: esta a motivação que o facilitador de uma Oficina de Poesia nos deu para criarmos algo. Eis, abaixo, o resultado.)

Do estado de hibernação

Que em minha estante os livros estão,

Ao outra vez tentar

O relógio do tempo acionar,

Em estado de não-tempo também

Deparei com luvas pretas em par.

Ao seu dono ou dona imaginar

Logo percebi num rompante

Quão era insignificante

Aquela identidade perscrutar,

Quando re-acionar o relógio do tempo

Era o que no momento urgia,

Pra transformar a leitura

Em elementos da sabedoria,

Acabei por descobrir

A lição daquele dia:

Os caminhos podem ser feitos com livros;

As luvas não passam de vestígios

De um caminho que houvera sido percorrido

Ao qual os livros deram apenas abrigo.

Sim! Livros podem ser caminhos,

Enquanto luvas podem ser vestígios.

Àqueles, importa lê-los,

Degusta-los,

Sorve-los,

Incorporá-los,

Apreendê-los.

A estas, cabe transformá-las

Pelo estímulo da busca anacoreta

Em que um par de pequenas luvas pretas

Seja a chave pr’uma descoberta

De um mundo múltiplo de facetas.