Desvario de Poeta

Queria abraçar a lua e aquecer meu corpo frio,

Sentir por entre os fios a raiz de quem eu sou.

Desejar passos incertos no espaço do meu ser,

E observar no meu íntimo, o espelho do que não sou.

Queria voar nas asas de uma borboleta,

Preenchendo os espaços com o seu encanto.

E ver com olhos reais o mundo colorido,

Que a metáfora me omite o pranto.

Queria habitar a realidade que me permite a poesia,

Por onde mergulho no universo das sensações.

Mas a lembrança que me bate à memória,

Rouba-me a fala transformando-a em razões.

Queria lançar-me aos roseirais,

Sem que houvesse um só espinho a me acertar.

E as indecisões pelas quais me aguçam,

Parar minh’alma que corre a cortejar.

Acorrentado correria eu, pela imensidão do mar,

E nas correntes das marés, subir e descer.

Tocaria as algas, e nos dedos traria toda a água,

Correndo pela a areia banhando-me do anoitecer.

Queria ter as estrelas em minhas mãos,

Para que eu não permitisse brilho maior que o seu.

Doce afago em minha pele me faz sentir,

Seduzes-me em meus sonhos, e neles adormeço.