Doce Descoberta
Cruzam-se olhares imobilizando o ar,
E bem mais que pronúncias anunciam um sentimento.
Os amantes descortinam dentro de si,
Um amor que inexplica as circunstâncias.
O rosto reflete o que de mais igual há,
Candência nas pestanas que se contemplam.
Motivos que se encontram sem buscar,
O que de mais existe entre as diferenças.
Desencontro, encanto, sensação e tantas expressões,
Asseguram os enamorados da verdade.
Expectadores acusam-se da preferência mentirosa do comum,
E vão-se os olhos sorrindo encontrar o antes escondido.
Erguem-se castelos, deslumbram-se as palavras,
Permissão do interior que ora sobrepõe-se.
Corre o sentimento, razão extraordinária,
E a alma nunca falha, adentra para ficar.
Aos poucos o sorriso, resposta que certifica,
Vozes que encantam pelo disfarce da não entrega.
Tímidas correm as mãos a tocar o concreto,
Corpos que se desejam, mentes que se projetam.
Prende-se a atenção de seres distintos,
Detendo-se ao pouco espaço que os separa.
A quem observa, resta-lhe apenas imaginar,
Apressando-se os passos para o amor encontrar.
Pulsam-lhes afetos no peito em chamas,
E bocas sedentas, buscam a intensidade em beijos.
Os desejos tomam espaço roubando a atenção,
E adorando-se trocam a respiração no mesmo instante.
Ao fim que não se finda, permanência se instala,
Voz que se cala não havendo como fugir.
Consomem-se no absoluto e real motivo,
Pétalas de rosas recobrem o ar, e assim o amor marca o seu lugar.