paisagem

seria muito pedir ser em ti o ultimo

com tantas pedras a cair

tantos sapatos nos caminhos

que se deitam

e a morte que não recupera razoes

pelos séculos dos séculos

seria muito pedir uma tarde

só para mim

na que estivesses atenta

ao boiar do rio no berço

de teu ventre,

ao nadar da folha

na lagrima da tua pupila cheia

com esmeraldas frescas

e ser feliz como algo simples

tal a suor na humanidade

da sombra dum salgueiro

triste

amor

contra caminhos ainda por descobrir,

feitos pela lama, o pó, o pé que pisa

ruídas cerimônias invisíveis

seria muito pedir

ganhar, contigo, um dia ao impossível ...