MEU NOME

MEU NOME

Oswaldo Antônio Begiato

A vogal “o” do meu nome me faz masculino.

Gosto de ser homem feito.

Ele começa com ela e com ela termina;

a tem bem em seu centro acentuada circunflexamente:

- É a cumeeira do telhado

porque o meu nome é minha morada.

Suas vogais masculinas são as janelas

por onde enxergo as paisagens externas:

- Elas moldam a alma que ainda não é minha,

iluminam as minhas avenidas internas

e fertilizam meus canteiros inacabados.

Meu nome me protege. Meu nome me expõe.

Meu nome me esconde. Meu nome me delata.

Dentro do meu nome guardo todas as sílabas

que penso me pertencerem, mas que não me pertencem.

Guardo um passado que herdei cheio de honras,

um futuro que tento legar inutilmente

e entre eles um presente cuja utilidade não sei ao certo.

Dentro de meu nome guardo todas as poesias:

- As que já escrevi e que não são poesias e as que jamais escreverei.

Meu nome é minha Caixa de Pandora.