o moço (para Helena Armond, 23 julho, 2004)

(Não basta olhar, é preciso ver _

o outro oferece a cada instante)

olho e vejo:

na face do moço

dois olhos-corvos

brilham azeviche

vejo e pergunto:

dois olhos-corvos

brilham: tristeza medo

aflição? noite e pântano?

vejo o encanto:

dois olhos-corvos

na face do moço

se vêem vistos

e na nesga

de um piscar

ou talvez em leve vôo

revelam

uma coragem azeviche

tímida e audaz

os olhos-corvos sorriem

e na eternidade do instante

brilham em sol crescente

brilha o moço inteiro

não mais cabisbaixo,

alto esguio erguido