OS REIS E OS PROFETAS CAP ONZE

OS REIS E OS PROFETAS

CAPÍTULO ONZE – 31 JUL 21

Até o meio-dia ocuparam a manhã,

Com altos brados e suas danças rituais,

Mas voz algum dos céus lhes respondeu,

Nem algo se ouviu das entranhas da terra.

Ao meio-dia, Elias zombava desse afã:

“Será preciso que mais alto o invoqueis,

Decerto Baal só não vos atendeu,

Que fechado em seu quarto ele se encerra?”

E o povo ria, se bem nervosamente,

“Quem sabe se Baal saiu em viagem?

Ou se envolveu em meditação divina?

Talvez bebeu e ainda agora está dormindo!

Tereis de gritar mais alto, certamente...

Já estais roucos? Perdestes a coragem?

Talvez esteja ocupado na latrina!

Ou more longe e quiçá já esteja vindo!...”

Em altas vozes os sacerdotes já uivavam:

“Baal, Baal, responde-nos agora!”

Alguns deles a si mesmos retalhavam

Braços e pernas, para que o sangue escorra;

Já um a um aos poucos murmuravam:

“É impossível que se realize nesta hora!...

É uma armadilha!” Já muitos protestavam,

Algum cuidando já um lugar por onde corra!...

Ahab e Jezebel, sob o toldo protegidos,

Já então faziam uma breve refeição,

Sem saber de que forma reagir.

“Tampouco Elias obterá um resultado!”

Comentou Jezebel ante os gemidos.

“Desta vez não escapará à execução,

Por mais que o povo queira ainda o seguir,

Todo o exército está do nosso lado!...”

Mas mesmo a tropa tão fiel a Ahab,

Desiludida se achava e descontente

E o rei não pretendia experimentar

O que fariam, se lançar os pretendesse

Contra o povo, antes que a prova acabe.

“Minha querida, procura ser paciente;

Quando o povo também a Elias vir falhar,

Será o momento de atender tua prece!”

Elias ergueu a voz após o meio-dia

E todo o povo o escutou bem claramente:

“O deus Baal teve tempo suficiente

E não veio atender, porque não pode!

Vamos agora ver o que faria

O antigo deus Jehovah, se for potente!

Trazei-me doze pedras, finalmente,

E então veremos qual o deus que nos acode!