O silêncio do tempo que não se esvai
Dedico:
Àquele que jamais soube que era o destinatário dos meus silêncios mais profundos.
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O corpo que carrego já não me habita,
vaga lembrança de um calor ausente.
A alma, silente, a própria dor recita,
num canto antigo, imóvel e pungente.
As ruínas sussurram meu verdadeiro nome,
não sou aquela que sonhava o futuro.
Sou a que restou quando a esperança some,
rosto de névoa, olhar soturno e obscuro.
Já não cultivo esperanças nem segundos,
sou templo em ruínas, altar esquecido,
verso enterrado nos vãos mais infecundos.
Se resta algo de mim, que seja perdido:
sombra que dança sem lume ou sentido,
memória que sangra, silêncio vencido.
Lírico por: Polímnia S.
("E tudo perdeu, quem não sabe morrer de amor.")