A arte que ninguém vê

Passo os dias, noite adentro,

Com tinta nos dedos, ideias no ar,

Rabisco sonhos no meu intento,

De uma obra que possa me revelar.

Cada página é escrita com cuidado,

Cada traço carrega meu coração,

Mas as pessoas passam ao meu lado,

Com desprezo, com risos, com negação.

Derrubam meu livro, mancham a folha,

Pisam na tela com o peso do escárnio,

Como se meu esforço fosse uma bolha,

Pronta a estourar no vazio do ordinário.

Cospem na tinta que mal secou,

Riem das cores que ousei criar,

Como se a minha dor não bastou,

Precisam ainda zombar do sonhar.

E eu, que só quero contar minha história,

Mostrando ao mundo o que há em mim,

Vejo meus versos perderem a glória,

Afogados no riso que soa tão ruim.

Mas ainda assim, continuo a pintar,

Mesmo com páginas rasgadas ao chão,

Pois minha alma não sabe calar,

Mesmo que zombem da minha paixão.

Um dia, talvez, alguém há de olhar,

E verá nos meus traços o que eu vivi,

Entenderá que, mesmo a tropeçar,

Minha obra sou eu, e eu nunca desisti.

Thais de Paula
Enviado por Thais de Paula em 27/11/2024
Código do texto: T8206691
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