RUÍNA LIBERTINA...

 

Pressinto-me acossado por um remorço atroz...

Nas tétricas trevas da minha débil vereda

Onde meu vil ser plange, ensandecido e feroz,

Desejando ávido à guilhotina para que, enfim, pereça!

 

 

Não vejo sequer um luzeiro bruxuleante entre minhas dores,

Pois apaguei a luz do amor, sufocando a voz outrora liberta.

Encontro-me aprisionado eternamente em vã quimera,

Como um pária vagando nos becos imundos dos dissabores.

 

 

Recrudesce a geena entre os escombros da minha senda.

Vejo-me na ruína sob o jugo da devassidão, da dor e do pavor...

Onde a indolência do teu olhar é o meu gládio vingador.

Na verdade, um fardo pesado nos ombros, que não aguenta.

 

 

Oh! poderosa podridão que a infâmia expele, malda!

Constituindo-se em adubo à estrumar corações peçonhentos...

Resíduos formadores dos pântanos pútridos de pávidas almas,

Que se escondem nesse lôdo de covardia; Ah! nojentos!

 

 

Eis o terreno ardiloso por onde caminham os perniciosos...

Na companhia voraz da arrogante insensatez.

De fato, areia movediça onde chafurdam os torpes ciosos,

Maculando incipiente olhar de doçura e altivez.

 

 

Prossigo moribundo entre báratros, rumo à morgue!

Vestindo minha carcaça com a mortalha da aflição,

Corroída por dentro: desídia e falhas morais...

E sangrando por fora: acúleos de vil agressão!

 

 

Bem que me falaram para usar a bússola da lisonja...

Evitando assim, o desvio enlameado das estradas pecadoras.

Quem mandou eu beber no cálice da desonra,

O licor das chagas perpetradas, sofredoras!!!

 

 

Bem que me disseram para não beber no cálice, vil licor...

Quem mandou eu atalhar pelo caminho despudorado!!!

Doravante, eis-me aqui, agonizante na dor...

Ruína libertina... Geena que envenena... Jaz, asfixiado!!!