Pútrido
Eu carne vívida, hoje jazida
Na frialdade deste solo seco
Cujo chão é inerte à vida
Carcomido neste eterno leito
Onde os vermes me corroem
E meus ossos estalam no eco
Assim sinistramente eu me calo
Deste mundo sou esterco certo
Na pútrida dança dos vermes
Que sugam as minhas vísceras
E a ave sombria que me segue
Ao som triste das velhas cítaras
Urubus esperando sua vez
Pra se alimentar dos meus olhos
Findando tudo que a vida fez
Carnes, tecidos, órgãos e poros.