Ó Sombra fútil...

"Ó sombra fútil chamada gente!

Ninguém faz falta..." Diz o poeta1.

Sombras que perpassam entre si,

tornando-se uma multidão de nada;

e suas margens que desaparecem

entre as negras bordas do vazio...

"Ó sombra fútil chamada gente!

Ninguém faz falta..." Diz o poeta.

Sombras que se movem sem saber

pra onde vão e de onde vieram,

sempre com pressa, sempre correndo;

Pra onde corres? Por que corres?

"Ó sombra fútil chamada gente!

Ninguém faz falta..." Diz o poeta.

Sombra, do que tens tanto medo?

Quem te persegues? Quem é que

te afliges? Quem é que bate o

chicote que estrala em tuas costas?

"Ó sombra fútil chamada gente!

Ninguém faz falta..." Diz o poeta.

Ou será que corres tão depressa

por pura sede? Mas sede de quê?

O que desejas tanto? O que tu

buscas tanto que morres para ter?

Ó sombra fútil chamada gente...