Argo
Estamos esperando você e seus poderes apodrecerem
Coelhos saltam dos olhos, o céu desabará a qualquer instante
Com os próprios dedos sublimar uma tapeçaria de primaveras
Subitamente um coro se levanta em culpa coletiva
Tal experiência esvaziará impérios
Esbarra-se contra delitos fatigados
A fome engolida pela ferida
A luz esquece da promessa
Um instrumento começa a girar deformidades
Impossível distinguir cidade ou relíquia
Uma vigília para irromper um futuro Eurídice
Improvável distinguir o sol do rancor de granadas
Emoldurar espólios, uma Gaia entregue
Orfeu chorará cruelmente sob o litígio
De seus cadáveres, os pavios de leões zelam satélites
Embriagando e tragando Calipso a ruína
Perfile um tolo canto:
As mãos são tão inseticidas
Atraindo os insetos
Moldados ao praguejo
Não mescle o enigma mais sutil
Entre uma tempestade de pólvora
Amor meu, fuja do legado hipotético
Um Éden desmonta-se entre gaiolas
Seu repouso ficará a cargo de Saturno
Longe da displicência da nossa terra
Zelarei daqui, entre meus filhos demolidos
Uma torrente que possa te esconder
Um mar feito das lágrimas que choro secretamente
Filtrará a batalha para os confins da memória
Ainda pendendo uma maldição atiçada entre lâminas
Retorcidas em um coração já fragmentado por estilhaços