O Casarão

Há um casarão no alto da estrada,

Imerso na névoa do tempo esquecido,

Suas paredes, memórias caladas,

Guardam segredos com vento e gemido.

Os portões rangem ao toque do vento,

Como se há muito não vissem a luz,

E dentro, no âmago frio e lento,

Há sombras que a escuridão conduz.

A escada, de mármore antigo e gasto,

Sobe ao vazio, a um céu sem final,

Por onde os ecos de um passo arrastado

Ressoam num ritmo espectral.

Os quadros, desbotados pelo ar,

Olham silenciosos quem ousa entrar,

Mas olhos, vazios de vida e de lar,

Guardam histórias querendo contar.

Quem viveu aqui, em noites tão frias,

Quando o tempo corria seu curso incerto?

O que escondem as brumas sombrias

Que rondam o casarão deserto?

Cada sala, um enigma em silêncio,

Cada porta fechada, um temor,

E o casarão, com seu véu de mistério,

Fez da dúvida seu único morador.

J Freire Pontes
Enviado por J Freire Pontes em 22/09/2024
Reeditado em 22/09/2024
Código do texto: T8157680
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