O Casarão
Há um casarão no alto da estrada,
Imerso na névoa do tempo esquecido,
Suas paredes, memórias caladas,
Guardam segredos com vento e gemido.
Os portões rangem ao toque do vento,
Como se há muito não vissem a luz,
E dentro, no âmago frio e lento,
Há sombras que a escuridão conduz.
A escada, de mármore antigo e gasto,
Sobe ao vazio, a um céu sem final,
Por onde os ecos de um passo arrastado
Ressoam num ritmo espectral.
Os quadros, desbotados pelo ar,
Olham silenciosos quem ousa entrar,
Mas olhos, vazios de vida e de lar,
Guardam histórias querendo contar.
Quem viveu aqui, em noites tão frias,
Quando o tempo corria seu curso incerto?
O que escondem as brumas sombrias
Que rondam o casarão deserto?
Cada sala, um enigma em silêncio,
Cada porta fechada, um temor,
E o casarão, com seu véu de mistério,
Fez da dúvida seu único morador.