O Amor Além Desta...
Perguntaram-me se realmente eu a amei
Disse eu então que sim
Como ei de não amá-la
Se toda noite que venho visitá-la
Lembrava-me do seu árduo fim
Ao segurar aquelas frias mãos
E notar aqueles lábios tão mudos
Onde repousava só, meu coração
Relembrando as memórias que me eram tudo
Como não amar aquele rosto alcalino
Melancólico e alvo a repousar
Recordando as frágeis formas do destino
De um tempo que jamais vai voltar
No seu cabelo, já tanto castigado
Pelo longo tempo que adormecia
No silêncio eterno aprisionado
Como não amar quem tanto me amou um dia
E o seu corpo agora fraco e decomposto
Em um simples mas belo tom esotérico
Quando que vejo o branco do seu aflito rosto
Num facial vislumbre cadavérico
Foi a única vez que vi o seu olhar tão sério
Ela que era acostumada a sorrir
Esquecendo dos problemas deste império
A imperatriz agora adormece no inexistir
Repousando no castigo do adultério
Eu sinto a culpa deste destino que a levou
Aprisionada em impetuoso cemitério
Aquela à quem, meu coração tanto amou
Só posso conviver com minha dor tão sofrida
Em minh'alma aflita que se manifesta
Pois agora se tornou uma triste vida
E o amor que eu tinha se foi além desta....