Coração Morto

Pulsar que não mais se escuta

Tão calmo como um riacho

Se procuro, sei que nada mais acho

Além da solidão absoluta

Frívolo corpo inanimado

Sonhos mortos ao acaso

Como lírios falecidos ao vaso

Em um espírito quieto, finado

Olhar triste que lamenta tanto

Em uma face horrenda que chora

Sabendo que o amor que foste embora

Levou consigo todo e qualquer encanto

Agora só resta lamentar o fato

De passar o resto de uma vida inteira

No odor hircoso que tanto se cheira

A um cadáver mefítico e putrefato

De um coração que outrora era tão vermelho

Como um rubi que brilhava forte

Mas que hoje ao conhecer a morte

Tem como desfecho cair de joelhos

Um corpo finado que morreu sem ter vivido

Alma que sofre como um condenado

Ao próprio peito onde segue enterrado

Hoje fica escuro quem foi colorido

Morreu nas torturas de um abandono

Sem compaixão ou mesmo afeto

Como um triste e solitário feto

De um ser que segue eternamente em sono

Dormindo na cova da mortalidade

Numa lápide escrita, posto

Com os fracassos, traumas e tanto desgosto

Seguirá imóvel pela eternidade

Num sepulcro aberto

Pesadelo que maltrata

Vida tão ingrata

De destino incerto

Está vago este peito

Já nada mais pulsa

Fria alma que se avulsa

Seguindo só, deste jeito

Em um corpo que padece

Aos olhos que lacrimejam

Até que estes olhos nada mais vejam

Quando não restar mais prece

Numa boca que se cala

E num espírito que adoece

Enquanto o medo ainda cresce

E nada mais se fala

Nos meus sonhos que enterro

Hoje o amor morreu

Talvez o culpado tenha sido eu

E meu destino enfim, espero

Aqui sangra ao coração

Um vazio que não finda

E se vida existia ainda

Hoje morreu nos traumas da solidão

Vasos de sangue espesso

Derramado ao chão onde piso

Sigo na minha própria mente indeciso

Será este o fado que mereço?

Welerson Recalcatti
Enviado por Welerson Recalcatti em 03/08/2024
Código do texto: T8121237
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