Códex Gigas
Papiro antigo, destes quais que ardem trevas
Livro maldito, destes quais que coleciono
Como animais, seres que caem pelas cevas
Meros mortais que adormecem sem ter sono
Adormecidos aos encantos subalternos
Pelos escribas, leis impostas em verdade
Desta verdade, qual julgai ser teu inferno
É a falta de uma pura realidade
Pois na mente nasce e cresce o pensamento
De que o mundo pertence ao seu ego
Por isso, de lápis a mão, que me apresento
E no papiro, minha alma eu entrego
Cedei frutos d'arte maléfica propostos
Em sacerdócio destas leis tais revogadas
Pelo mártir sacrossanto foram depostos
Cujas palavras jamais foram indagadas
Sacrificai a tua valiosa prata
Pelas guerras mentais que tanto enfrenta
Numa batalha santa em que se mata
Onde a morte, em tí, se orienta
Aproveitai desta soberba alma humana
Pelos delírios carnais que tanto afloram
Atitudes mortais de mente insana
Vícios impuros pelos quais que tanto imploram
Seio da vida como um todo em oferenda
O manuscrito códex da irmandade
Poder da sapiência que apresenta
Os tolos costumes da santidade
A punho, redigido pelo escravo
Escravo das próprias ações imaculadas
Nem teu bradar, intenso, rouco, hostil e bravo
Impediu que tuas algemas fossem seladas
Agora adormece nas glórias antigas
Pois tua alma, outro corpo jamais fará troféu
E o que selou a ata em Códex Gigas
Foi o teu sangue derramado sobre o papel