Códex Gigas

Papiro antigo, destes quais que ardem trevas

Livro maldito, destes quais que coleciono

Como animais, seres que caem pelas cevas

Meros mortais que adormecem sem ter sono

Adormecidos aos encantos subalternos

Pelos escribas, leis impostas em verdade

Desta verdade, qual julgai ser teu inferno

É a falta de uma pura realidade

Pois na mente nasce e cresce o pensamento

De que o mundo pertence ao seu ego

Por isso, de lápis a mão, que me apresento

E no papiro, minha alma eu entrego

Cedei frutos d'arte maléfica propostos

Em sacerdócio destas leis tais revogadas

Pelo mártir sacrossanto foram depostos

Cujas palavras jamais foram indagadas

Sacrificai a tua valiosa prata

Pelas guerras mentais que tanto enfrenta

Numa batalha santa em que se mata

Onde a morte, em tí, se orienta

Aproveitai desta soberba alma humana

Pelos delírios carnais que tanto afloram

Atitudes mortais de mente insana

Vícios impuros pelos quais que tanto imploram

Seio da vida como um todo em oferenda

O manuscrito códex da irmandade

Poder da sapiência que apresenta

Os tolos costumes da santidade

A punho, redigido pelo escravo

Escravo das próprias ações imaculadas

Nem teu bradar, intenso, rouco, hostil e bravo

Impediu que tuas algemas fossem seladas

Agora adormece nas glórias antigas

Pois tua alma, outro corpo jamais fará troféu

E o que selou a ata em Códex Gigas

Foi o teu sangue derramado sobre o papel

Welerson Recalcatti
Enviado por Welerson Recalcatti em 03/08/2024
Código do texto: T8121232
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