O Sangue Da Flor

Impunha na palma a rosa já morta

Negra como a raíz oriunda turca

Entre a vida e a morte se abre a porta

Adorna o sorriso presente na burca

Ainda que meigo esconde olhares

De damas acostumadas ao temor

Em solos selvagens, tão tristes lares

Palcos de tantos filmes de horror

Guerras que mancham as páginas dos livros

Contadas por gente que um dia lutou

Dos homens que foram, poucos estão vivos

Muita gente por lá ficou

Em meio ao cenário daquela tristeza

Podia-se ver a tal flor caída

Era o resquício da única pureza

Em meio ás marcas, cortes e feridas

Era o devaneio das almas sofridas

A única beleza em meio ás feiuras

Ao solo agredido pelo perder das vidas

Dos finados espíritos destas criaturas

Na mão de um soldado que foi encontrada

Presa sangrando pelo espinho na palma

Segura e densa bem apertada

Símbolo eterno e puro da alma

Nos olhos do mesmo se via melancolia

Em seu peito nunca mais algo pulsava

Cadáver que mostra tamanha agonia

Sonhando com o dia em que tudo acabava

Seus sonhos morreram em tão pouco tempo

O mundo é um eterno calvário

Se encurtam os dias, morrem sentimentos

São tristes sofrimentos naquele cenário

E a rosa segue apertada

Nas mãos daquele que eterno, dormia

Não abre os olhos, não vê mais nada

Somente a morte que se anuncia

Aperta-te mão que afaga

Aos espinhos vorazes da própria ira

Como sofres nesta flor que esmaga

Símbolo desta farsante mentira

Aperta com força entre teus dedos

Na palma escorre teu sangue que sai

Teus lábios tem os mais terríveis segredos

Teus sonhos, teus medos, tanto mascarai

Esconde pra sí e não conta a ninguém

Esta dor interna que te mata aos poucos

Fazendo tua alma servir de refém

E teus pensamentos se tornarem loucos

Lúcidas noites, já nem mais se têm

Somente a solidão que toma como vício

Teu corpo cansado sempre mantém

E tua alma entrega como sacrifício

O sangue que cai da flor que tu levas

Mancha a ferida da pele que arde

Teu espírito segue destinado ás trevas

E teu corpo falesce num ato covarde

Welerson Recalcatti
Enviado por Welerson Recalcatti em 02/08/2024
Código do texto: T8120582
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