Sem amanhã
Está é uma escrita do fim do mundo,
Feita em papel de pão amassado,
Entre os bombardeios e terremotos,
Dos maremotos e tiros nas trincheiras,
Anjos e demônios travam sua guerra,
Militares e políticos compõem essa orda,
Não haverá um tempo futuro no limiar,
Só escombros de um passado presente,
Devastação entre lágrimas e finitude,
A natureza morta do quadro do museu,
Assumindo sua feição tão real agora,
Árvores dizimadas por incêndios,
Chamas da ganância e especulação,
Bancos demolidos e notas voando,
Dinheiro sem valor e propósito,
Classes sociais dizimadas num estalo,
Ações que viraram papel picado,
Como confetes dessa triste Ópera,
Onde não há mais vozes, nem arte,
Pessoas se tornaram ossos e cinzas,
Não há mais jardins ou pipas no céu,
A música já não toca mais no rádio,
Quando a noite chegar já terei partido,
Minhas energias coloco nesse papel,
Como um aviso para algum sobrevivente,
Alguém que possa acordar do pesadelo,
Uma síntese histórica do que fomos,
O espelho quebrado do que somos,
Do mal que promovemos à terra,
Ceifando o brilho da vida sem limites,
Viramos os cavaleiros do Apocalipse,
Esperando a derradeira respiração final...