Escuridão total
Ouve-se ao fundo
O temor, a dor, os gritos,
Que ecoou do vasto mundo
Quebrando as certezas dos ritos.
Nos sótãos empoeirados
Onde o escuro faz morada,
Traçando fios embaraçados
De memória conturbada.
Ouve-se ao fundo a doce voz
Da mulher bela, encantadora
Cuja a alma fria atroz,
Se conserva em salmoura.
Ouve-se ao fundo, nada mais
O silêncio que atormenta.
Com os vislumbres infernais,
Alma que grita, chora e lamenta.
Das nuvens densas carregadas
Que traz a tempestade brutal,
Com a lama segue a vida arrastada
Como arrasta foi ao fim fatal.
Caída junto aos vermes famintos
Que consomem a carne ferozmente
Vermelho escorre nos vastos infinitos
Feridas abertas, olhos frios olham fixamente
Consome as chamas que entristece
Que derretem a carne dos astrais
Junto ao corpo frio que aquece
Acolhidos nos caminhos infernais.