Escuridão total

Ouve-se ao fundo

O temor, a dor, os gritos,

Que ecoou do vasto mundo

Quebrando as certezas dos ritos.

Nos sótãos empoeirados

Onde o escuro faz morada,

Traçando fios embaraçados

De memória conturbada.

Ouve-se ao fundo a doce voz

Da mulher bela, encantadora

Cuja a alma fria atroz,

Se conserva em salmoura.

Ouve-se ao fundo, nada mais

O silêncio que atormenta.

Com os vislumbres infernais,

Alma que grita, chora e lamenta.

Das nuvens densas carregadas

Que traz a tempestade brutal,

Com a lama segue a vida arrastada

Como arrasta foi ao fim fatal.

Caída junto aos vermes famintos

Que consomem a carne ferozmente

Vermelho escorre nos vastos infinitos

Feridas abertas, olhos frios olham fixamente

Consome as chamas que entristece

Que derretem a carne dos astrais

Junto ao corpo frio que aquece

Acolhidos nos caminhos infernais.

Poeta do vinho
Enviado por Poeta do vinho em 25/07/2024
Código do texto: T8114318
Classificação de conteúdo: seguro