NOTURNOS
A noite chega e me amedronta
Há luzes multicores nas praças
E há sombras nas casas...
Sombras senis, sombras vis,
Sombras na sombra
E me assombram...
Quem era eu na noite escura?
Mais uma sombra a se esgueirar
Atrás de uma companhia
Que não dormisse e me escutasse
Na noite densa, a ocultar
As lágrimas que teimavam a rolar
Na face soturna,
Com medo das figuras
Noturnas, a vigiar...
E a noite passa...
Um silêncio mortal
A delirar em fumaças
Esparsas, a sombrear
O rosto horroroso,
A provocar
Calafrios...
O sol no nascente...
Tudo volta ao normal
Na minha mente,
Foi apenas um sonho,
Um incidente...
Não há mais nada
A me torturar...
Até que outra noite
Aconteça
E eu adormeça,
E os pesadelos
Impeçam-me
De sonhar...
Marie
"... as lembranças mexem tanto com minha cabeça, que quando o sono chega o dia já nasceu." (Márcio Greyck)