A DANÇA DA MORTE
A morte chamou-me para dançar,
Ofereceu-me companhia, ao me ver perecer sozinha.
Chegou depois de eu muito esperá-la,
Mesmo sem amá-la,
Afinal, sentada no escuro há tempos eu estava,
Mal nenhum ela poderia fazer-me.
Tirou-me da solidão,
Deixou soar uma triste e bela canção,
Estendeu sua esquelética mão,
E após uma reverência, puxou-me para si.
Agora à ela eu pertenço.
A morte chamou-me para dançar,
E eu, que nunca soube qual passo dar,
Aceitei seu indesejável convite.
Não poderia, de qualquer forma, evitá-la.
Assim, permiti-me acompanhá-la.
Bailamos juntas a lúgubre canção
Que acalmou meu coração,
O qual seu toque fez parar.
A morte chamou-me para dançar,
Secou meu pranto, tratou-me bem,
Levou-me além do que pude imaginar,
Tirou-me toda a dor,
De forma que não tive temor
De olhar em teus olhos vazios.
A morte chamou-me para dançar
Trazendo-me as flores jogadas pelos meus amores
Que um dia ela ainda irá buscar.
Forraram-me com perfumadas pétalas,
Tornando-me semente plantada na fria terra
Que passou ao meu corpo acobertar.
A morte parou a canção,
Novamente estendendo a mão,
conduzindo minh'alma de volta ao lar.