A DANÇA DA MORTE

A morte chamou-me para dançar,

Ofereceu-me companhia, ao me ver perecer sozinha.

Chegou depois de eu muito esperá-la,

Mesmo sem amá-la,

Afinal, sentada no escuro há tempos eu estava,

Mal nenhum ela poderia fazer-me.

Tirou-me da solidão,

Deixou soar uma triste e bela canção,

Estendeu sua esquelética mão,

E após uma reverência, puxou-me para si.

Agora à ela eu pertenço.

A morte chamou-me para dançar,

E eu, que nunca soube qual passo dar,

Aceitei seu indesejável convite.

Não poderia, de qualquer forma, evitá-la.

Assim, permiti-me acompanhá-la.

Bailamos juntas a lúgubre canção

Que acalmou meu coração,

O qual seu toque fez parar.

A morte chamou-me para dançar,

Secou meu pranto, tratou-me bem,

Levou-me além do que pude imaginar,

Tirou-me toda a dor,

De forma que não tive temor

De olhar em teus olhos vazios.

A morte chamou-me para dançar

Trazendo-me as flores jogadas pelos meus amores

Que um dia ela ainda irá buscar.

Forraram-me com perfumadas pétalas,

Tornando-me semente plantada na fria terra

Que passou ao meu corpo acobertar.

A morte parou a canção,

Novamente estendendo a mão,

conduzindo minh'alma de volta ao lar.

Srta Cabernet
Enviado por Srta Cabernet em 17/05/2024
Código do texto: T8065506
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