silêncio calado
Há uma estátua de um anjo em ruínas no velho cemitério. O que foi vida, nenhum resquício sobrou ali. Somente fantasmas que pessoas criam com suas mentes pantanosas. Nem lágrima. Nem dor. Só a natureza tomando conta daquilo que um dia foi sagrado.
O anjo barroco que vira, me encantou por sua beleza sombria. Era a conclusão de que o tempo passou e a terra irá de engolir tudo um dia. Não sinto tristeza nem alegria. Minha satisfação com a imagem é mais poético-filosófica... não que me agrade o suficiente para me proporcionar prazer.
Mas busco através da verbalização um exercício do olhar.
Sei que agora estás a ler meus pensamentos. não me importo, o desenho do discurso é tão complexo e tão simplório, que não me regozijo com minhas conjecturas. o prazer verdadeiro é a inércia.
O não-fazer.
Tentar calar meu silêncio.
Em vão.