AMANHECER CINZA

 

 

Amanhecer cinza em terra umedecida

Ventos desordenados empurravam escuridões

O sol em gélido frio tremeu na despedida

A chuva em incontáveis lágrimas calava ilusões.

 

O orvalho se transfigurava em frio gelo

E com ele, temporais punhais de solidão

Amargo café madrugador com sabor a degredo

Trovoada inóspita de pensamentos em desunião.

 

O canto das aves se abrigou nos ninhos

Nos bosques o nevoeiro cegou toda a visão

As searas de trigo foram varridas por remoinhos

Compulsivos batimentos do meu triste coração.

 

Lamacentos rios desaguaram em lugar incerto

As avenidas se vestiram em seda vergonha

Num dia depois do ontem ficou encoberto

Por uma desilusão arrebatada e enfadonha.

 

Acordei dormindo no meu sofrimento

Amarguei o coroado sabor do meu cansaço

Momentos singulares de perfil forte cimento

Exteriorizado no meu peito… Em desabafo.