Rota de Saída (Sem Saída)
Nos porões dos meus pensamentos,
As paredes úmidas reverberam agonia.
Gotejando lágrimas de sofrimento,
Que se mesclam ao mofo em sintonia.
O sorriso fétido é comum, trivial.
O ar está mais denso do que nunca.
Tudo aqui dentro é mais que irreal.
Estou vidrado nessa espelunca.
Passo horas me debatendo aqui dentro.
Eu viro as costas para a porta de saída.
Meu eu sofre abalos bem lá no centro,
Perante a sanidade combalida.
Tenho a consciência presa em um mirante.
Ao longe a luz do farol não me alcança.
O assovio do vento ao ouvido é perturbante.
Parece entoar o lamurio da desesperança.
Cada vez mais eu sigo ao fundo do poço.
Desvio vorazmente de cada rota de saída.
Não há motivos para bancar o bom moço.
Reconheço, o desfibrilador não me trará vida.