SEREIA DA FOSSA ABISSAL

Ressoa o grito encantador

Demasiado irresistível

Chamado arrebatador

Mesmo no fim inaudível

Quando nada mais se escuta

Parar é quase impossível

Irá ignorar ouro e prata

Conselho de mãe e de pai

Por aquela sereia ingrata

Nadando o sangue se esvai

Pé comido por cação

Na rede dela, ele cai

Enredado por paixão

Incentivado por vozes

Sob os corais há um caixão

Belas sereias, algozes

Com barbatanas que voam

Saltam com garras vorazes

Canções bonitas que ecoam

Sensação mais que perfeita

Mas no fim elas destoam

Atração fatal de seita

Dente de narval empunhado

Pois seu caldeirão já azeita

No fim será desossado

Na profundeza abissal

Num minuto digerido

Beldade paradoxal

Do livro: OLHAR SOMBRIO

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João C L Soares
Enviado por João C L Soares em 29/10/2023
Código do texto: T7919970
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