MINHA AMADA MORTA
Na penumbra do sepulcro sombrio,
Minha amada morta repousa em silêncio frio.
Seu corpo pálido, em sono eterno jaz,
Na noite eterna onde a vida se desfaz.
Seus lábios outrora rubros como sangue,
Agora descorados pelo tempo e pela gangue
De sombras que dançam ao seu redor,
Enquanto ela dorme, sem dor, sem ardor.
Seus olhos, outrora janelas da alma,
Agora vazios, sem luz, sem calma.
Mas ainda os contemplo com amor ferido,
Pois nela, mesmo morta, sigo perdido.
Ela é a rosa negra do meu tormento,
A sombra que me envolve, meu lamento.
Minha amada morta, cruelmente linda,
Em seu túmulo, minha alma ainda.
Na escuridão, nossos destinos se entrelaçam,
E em cada lágrima que caio, nossas almas abraçam.
Minha amada morta, noite após noite,
Continuaremos juntos, na morte e no açoite.
Na noite eterna, em meio à escuridão profunda,
Minha amada morta, na tumba repousa muda.
Seus olhos outrora vivos, agora sem brilho,
Em sua sepultura, num sono sem trilho.
Seu cabelo de ébano, como a noite sem fim,
Agora emaranhado, sem vida, assim.
Seus lábios vermelhos, outrora tão doces,
Agora pálidos, sem calor, sem flocos.
Em seu leito de pedra, ela descansa serena,
Sob a luz pálida da lua, minha alma condena.
O amor que nutri, agora é dor profunda,
Minha amada morta, na noite, jaz imunda.
Nas sombras eternas, meu coração sangra,
Lembranças sombrias, em minha mente, se arrastam.
Oh, minha amada morta, para sempre lembrada,
Na escuridão, minha alma, por você, é obsidiada.
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Ronald Sá, é ator, dramaturgo, diretor e professor de teatro. Tem mais de 30 textos teatrais escritos, tanto infantil e adulto. Mora em São Luís do Maranhão. Começou a se interessar pelas letras desde criança. Formado em Artes Cênicas, tem um grupo de teatro na periferia da cidade maranhense, o Núcleo de Produção Teoria das Artes, no Anjo da Guarda, bairro cultural, celeiro de vários artistas. Atuou, escreveu e dirigiu 26 espetáculos. No momento, escreve sua primeira série e e seu primeiro livro sobre o mundo teatral.