Cabeças devoradas
Cabeças devoradas
Afogado em sangue temeroso e tremendo,
Medo mergulhado no lodo vermelho,
Tinta que escrevi no grimório da morte,
Sorte lançada da Fortuna que me come.
Dentes quebrados que esqueci na dor d’alma,
Enfeites na capa do livro das sombras,
Sanguessugas e baratas, amigas de janta,
Rangido da noite que severamente me perturba.
Inda que pesada cabeça decapitada de enfeite,
Naquele dia Salomé o odeie em deleite,
Na bandeja servido com tempero e leite.
Pensamentos ansiosos tomados em sopa,
Demônio do medo separado do corpo d’alma,
Para enfim ser devorado como sangue da vida.