Oitavas Reais d’Illusão
Alvura e negridão para assombrar-me
Através de um cinzento e morto alento...
Na solidão reside ainda um charme
Que na flama do espírito acalento!
Mesmo que a trama vil contra a mim arme
Meu destino cruel em ritmo lento
Um castigo composto em minhas árias...
Punições! Penitências! Ser-me-ão várias!
Obscuras nuvens chamam trevas tensas!
Real rugido, reina-o raio o ricto!
De esplêndido esplendor maior que pensas
E hás de convir comigo. Estou convicto!
Tenebrosos trovões d’histórias densas
À luz d’escuridão no veredicto
Em que serei julgado em plenas aras
Dos grilhões de um império às penas raras!
Os fugidios verbos de uma elipse
Revelam-se em palavras em um vulto
Que permanecem junto ao eterno eclipse
Em memória de um vil sujeito oculto
Que profere orações do apocalipse
Em um subliminar sublime culto!
Recito a maldição do elo contínuo
E esconjurado em ritmo descontínuo...
Em minha decadência o inferno ascende
No fim de um corredor escuro e reto
Que atravessa através da chama e acende!
Sem caminho direito e tão direto
Nem tampouco o sinistro a mim resplende
Sequer o incerto rumo não concreto!
Linear labirinto em que esta base
Não há bifurcações além da frase...
Em linha retilínea, o alvo uniforme...
Não difere o alvo espírito do resto
Às penumbras umbrais d’alma, conforme
Os phantasmas mentais que a mim me presto...
Se há outra direção, então me informe!
Não me conformo e sempre me contesto
Sentido em sentimento enquanto penso
No sentido hibernal que estou propenso!
O estático é dinâmico: a obra o muda;
Se tudo muda, então, nada é perfeito.
Paradoxo imperfeito: a arte o diz, muda;
A arte e a obra desprovidas de um defeito.
O horror floresce e brota a planta e a muda!
Efêmero astro eternal: a flor d’efeito.
Do perdido papiro as mágoas mesmas...
Relíquia que restou das raras resmas...
Não me importam quais linhas as quais listro!
Nem em quantos caminhos o ódio lavra!
Tampouco me interessa este registro!
Eu rejeito do amor cada palavra...
O equivocado inquérito em sinistro
Julgamento mortífero escalavra
Meu sonho em que se torna em pesadelo...
Imperador do Inferno, hei de temê-lo!
(Bhrunovsky Lendarious)