Carmilla
Carmilla minha amiga
Seu beijo é tão bom
Suas frias mãos tocam
Meu rosto, meu coração
Ao som do vento frio
O outono vai-se embora
Agora sinto esse vazio
Ante ao calor da aurora
Carmilla por que fez isso?
Esse olhar tão penetrante
Investiga minha alma
Mas me sinto tão pujante
Não mordas meu pescoço
Assim doi forte no peito
Aqui espero-te nua
Visitando-me no leito
De noite é mais gostoso
Seu perfume enfeitiça
Teu corpo tão saboroso
Me instiga e me excita
Carmilla, o que é isso?
Esses dentes tão afiados
Sinto-me uma cordeira
Ante as presas do Diabo
Serei sua oferenda
Pois seu amor era liquefeito
Sou consumida por dentro
O fogo arde meu peito
Carmilla, pare!
A força está se esvaindo
Seus dentes me aspiram
Minha alma está partindo
Oh, Deus como é bom
Perder minha vida assim
Nesse beijo de mulher
Sinto me rumo ao fim
Carmilla que astúcia
Lambestes minha ferida
Agora uma fome abrupta
Incinera minha barriga
Como podes ter feito isso?
Se me amavas tanto assim
Tomastes minha inocência
E agora que será de mim?
Carmilla, eu te odeio!
A minha fome aumentou
Amamentaste-me em teu seio
Mas sua loucura me contagiou
Carmilla e agora?
Como serei aceita na cidade
Meu corpo é noturno
E aumentou minha vaidade
Não posso andar de dia
Só sinto um forte desejo
Degustar o corpo da Lia
Sorver seu sangue com beijos
Carmilla que maldição!
Sinto-me como você
Não amo a mais ninguém
Só quero sentir prazer
O gosto da alma alheia
Como gado me seduz
Se cultivo é pra comer
E carrego esta cruz
Que monstro me tornei
A maldição me faz sofrer
Noturna ficarei
Só o torpor pode me conter
Preciso fugir daqui
Antes que o Sol me encontre
As presas vão imergir
Serei caçada pelo arconte
Que foi isso que fiz?
Uma donzela ataquei
Seduzi-a com astúcia
E seu sangue roubei
Oh Deus que será de mim?
Perdidamente estou
Não sei por que fiz
E Carmilla me abandonou
Volte, Carmilla! Volte!
Não me deixes aqui
Sou o monstro que surge
E não deixa ninguem dormir
Preciso de ajuda
Por favor, alguém me abrace
Agora sei bem
Como uma vampira nasce
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Carmilla é o romance/novela do escritor irlandês Joseph Sheridan Le Fanu que descreve uma paixão entre duas mulheres. O texto inspirou o escritor Bram Stoker a escrever a sua obra-prima "Drácula" em 1897.
Fiz a homenagem por ser amante dos contos de horror góticos que envolvem seres noturnos