Possuído
Não espere o dia chegar
Pois não conseguirá mais ver
A luz do sol irradiar
Que fará seu olho arder
Não contemple a calmaria
Nem a chegada dos ventos
O fim da carne, a eterna a agonia
Seus, não são mais os pensamentos
Você está vivo mas não sabe,
Perdido entre lapsos de memória
Em você mesmo, sua alma já não cabe
Pois alguém comprou a sua história
E nunca lembrará quando, onde,
Ou para quem vendeu
Não cabe mais a você, aonde,
Você vai, onde sua consciência se perdeu
É tarde demais para chorar,
Pois suas, não são mais as lágrimas
Tentará, em vão, gritar,
Mas ninguém ouvirá suas lástimas
Não soube conduzir a sua vida,
Por isso, entregou-a nas mãos de um mentor
Em busca da verdade não compreendida
De que o ser humano nasceu para a dor
Sofrer é a condição de viver
Mas você preferiu vender esse fardo
O único motivo pelo qual morrer
Deu sua única riqueza a um bastardo
Confiou nos amigos,
Que lhe chutaram o rabo
Vivendo felizes em seus jazigos,
Rezam a Deus mas adoram ao diabo
Não têm alma, credo, rebanho condenado
Não têm um lado, a não ser, o que vence
E depois de traído, você se convence
De que a vida é demais para um fracassado
Dê sua vida a quem melhor possa aproveitar
Pois esperou a divina justiça, a qual não veio
Agora, só resta, sua alma, entregar
Àquele sujeito medonho, feio
Pai dos desgraçados,
Mãe dos desprezados e desprezíveis
Da terra dos trovões calados
Ecoa o grito de suas crianças horríveis
Um mundo tão condenado,
Mas o único que o acolhe
De onde você sempre será negado
Nem seu cadáver miserável, a luz recolhe
Não há saída para o que está perdido
Nem há cura para quem é adoecido
Não há paciência para quem está caído
Deixei de ser esquecido e virei um possuído