Estátua de asas sem cabeça

Dor ...

Doe mais que o ato

Do contato da dor

De sentir na alma

Esse âmago de doer

Esse ato desmedido

Sem ... só os atos

Cem sentidos de serem dor

Não me enxuguem as lágrimas

Não me confortem o coração

Nem tão pouco me estendam

Cada uma de tuas mãos

Para cada uma das tuas mãos

Deixo pra direita o meu coração

E deixo pra tua mão esquerda

Essa taça cheia de lágrimas

Com essências de tristeza

Com o choro alardeante

De um coração angustiante

Feriu-me a face o desamor

Arrancou-me os dentes e o sorriso

A tua falta que inda virá

Mas se eu não souber

Viver sem você, triste assim,

Queime-se as pétalas de jasmim

Queima meus olhos ao pular

Para um precipício sem fim

Que o vento que vem, açoite-me

Todo o meu interior

As nuvens que passam

Não me digam nada,

Nada ...

Estou entorpecido de palavras

Estou dormente de amor

Dai-me uma cama flutuante

Sobre a tempestade de saudade

Que ela me carregue ao léu

E que tudo seja teu até o céu

A minha dor, o meu coração

Meus sentimentos, a minha carne

E por fim queime longe

Todos os meus ossos

Para que não sirvam de flautas

Que não sejam músicas

Sobre a lápide fria e muda

Com estátua de asas sem cabeça.

Hugo Deff
Enviado por Hugo Deff em 19/02/2023
Código do texto: T7722631
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.