Estátua de asas sem cabeça
Dor ...
Doe mais que o ato
Do contato da dor
De sentir na alma
Esse âmago de doer
Esse ato desmedido
Sem ... só os atos
Cem sentidos de serem dor
Não me enxuguem as lágrimas
Não me confortem o coração
Nem tão pouco me estendam
Cada uma de tuas mãos
Para cada uma das tuas mãos
Deixo pra direita o meu coração
E deixo pra tua mão esquerda
Essa taça cheia de lágrimas
Com essências de tristeza
Com o choro alardeante
De um coração angustiante
Feriu-me a face o desamor
Arrancou-me os dentes e o sorriso
A tua falta que inda virá
Mas se eu não souber
Viver sem você, triste assim,
Queime-se as pétalas de jasmim
Queima meus olhos ao pular
Para um precipício sem fim
Que o vento que vem, açoite-me
Todo o meu interior
As nuvens que passam
Não me digam nada,
Nada ...
Estou entorpecido de palavras
Estou dormente de amor
Dai-me uma cama flutuante
Sobre a tempestade de saudade
Que ela me carregue ao léu
E que tudo seja teu até o céu
A minha dor, o meu coração
Meus sentimentos, a minha carne
E por fim queime longe
Todos os meus ossos
Para que não sirvam de flautas
Que não sejam músicas
Sobre a lápide fria e muda
Com estátua de asas sem cabeça.