HÉRCULES E TROIA 7/8 FINAL

HÉRCULES E TRÓIA VII – 1º mar 22

Quanto a Hércules, preferiu outra mulher,

chamada Gláucia, do Rio Escamandro filha,

que havia sido de Deimakos a amante;

quando a soube grávida, ainda mais a quis

proteger, para dar descendência e trilha

a seu amigo Deimakos, que morrera triunfante.

Deu-lhe Gláucia de Escamandrômino o nome

(e novamente aqui a lenda nos consome).

Alguns afirmam que se tornou eventualmente

o pai de Sappho, a grande poetisa, (*)

quando na ilha de Lesbos foi morar,

mas outros dizem que foi seu descendente,

com o mesmo nome, que mais tarde em Lesbos pisa,

algumas gerações havendo de passar,

que Escamandrômino na ilha de Cós morou

e a primeira seda do mundo ali inventou.

Em sua viagem de Tirinto ao bom retorno,

mais uma vez a deusa Hera o perseguia

e sua serva Onyra, ou Sonho, ela ordenou

que adormecesse a Zeus num sonho morno,

enquanto ela a Hefestos seduzia,

entre os dois tempestade a invocar,

indo Hércules naufragar perto de Cós,

onde Zeus foi descobri-lo bem após.

Ficou o Deus Pai por grande ira contrariado,

sabendo bem que Hera quisera assim matar

esse seu filho que ela odiava tanto;

prendeu-a pelos braços num varado,

Hefestos num vulcão foi arrojar

e a Onyra lançou, com grande pranto,

ao Golfo de Érebos, e só dali pôde escapar,

porque à mãe Nyctis, a Noite, foi ajuda suplicar.

Ao próprio filho Zeus fácil resgatou

e para Argos transportou-o com cuidado,

mas antes disso, os homens de Cós acharam

que fosse pirata e o Rei Eurípilos ordenou

que o executassem, mas rebentou o seu cadeado

e na praia os sobreviventes o encontraram

e ainda sendo numerosos na odisseia,

atacaram e destruíram Astipaléia.

HÉRCULES E TRÓIA VIII – 2 mar 22

A cidade e capital de Cós e ao rei mataram,

mas sofreram antes disso até bastante

frio e fome após terem naufragado,

em consequência dos ventos que os lançaram

e então, sentindo uma fome delirante,

pediu Hércules que um carneiro fosse dado

pelo pastor Antágoras, porém este,

gabava-se mesmo de ser filho de Alceste.

E sendo um homem de físico gigante,

desafiou ao herói para um combate:

se ele vencesse, lhe daria o carneiro,

mas quando a luta foi levado adiante,

pastores Meropianos chegaram ao embate,

quando então Hércules foi feito prisioneiro,

ao passo que seus homens debandavam

e nos rochedos proteção buscavam.

Então os Meropianos o levaram a seu rei,

que de imediato qual pirata o condenou,

conforme foi descrito anteriormente;

contudo Hércules não acatou sua lei

e as grades e o cadeado rebentou

e da prisão se escapou furtivamente;

mas foi por certa matrona protegido

e qual mulher ali ficou escondido!...

Já no outro dia, de novo revigorado

pelo sono e por lauta refeição,

vestindo ainda as roupas da matrona,

pelos seus homens foi reencontrado

e assim comandou essa incursão

que a capital Astipaléia facilmente toma,

mas as mulheres da cidade se ofenderam

por suas roupas femininas e logo se esconderam.

Buscando assim evitar a escravidão,

convocaram em auxílio os outros habitantes,

que no combate foram exterminados;

Athena tomou Hércules sob sua direção,

para os deuses defender contra os gigantes

e os sobreviventes foram com ele após levados

para a Beócia, em que Hércules coroou

A Escamandrômino e no trono o colocou.

EPÍLOGO

Novas façanhas que Hércules empreendeu

serão objeto de posterior poema,

estas laudas ficando aqui encerradas.

Fontes: Os mitostegos Apolodoro, Higino, Tzetzes,

Diodoro Sículo, Virgilio, Pindaro e Graves,

citando-se mesmo aqui um breve excerto de Homero.