O sono está perto
Suave momentos de quietude
Em que sinto, no peito,
A luxúria de envolver na lembrança
As névoas virginais que espreitam
Meus bocejos, etéreos aconchegos,
A me mostrar que o sono,
Torpe carícia, se aproxima,
Me fazendo cair ao leito numa nova
Jornada de trabalho em meio
Aos sonhos que me acolhem nos braços
Nessa nova noite que, diante de mim,
Se descortina como sombras de veludo.
Inquieta em meu recanto, sinto
O sono, próximo, espreitando
Em meus ombros, me cobrindo
Como um sombrio véu de noiva,
A me afogar no etéreo mar de sonhos
E me rogando a memória dos dias
Que, esquecidos, nunca mais
Se erguerão do ventre materno,
Jazendo nesse futuramente
Pútrido leito natalino seco
Em sua vertente, transportado
No nevoeiro de lágrimas que,
Dúbias, escorrem como as
Lembranças mortas de outras vidas.