Mundo da Trama
Caída, como que de um muro,
Me vejo jogada num novo mundo,
Abraçada por fios, vivos, tecidos
Nas glórias de doces angústias
Que, como a me esperar, me recebem
Como a uma virgem despida
De toda a tormenta da morte.
Me vejo abrigada e acolhida
Neste mundo, o Mundo da Trama,
Que tece, em minha alma, em meu ventre,
As sombrias luzes que, em meu
Agora gélido útero, se erguem e,
Recém-nascidos, me guiam como
A uma nobre Mãe ao meu destino
De, messiânico tear, costurar
Uma suave salvação e desfazer
Qualquer tentação que de meu peito
Fiar a maldição de viver seca por dentro.
Me sinto, aqui no meio dessa Trama,
Como se de uma raça a parte,
Louvando com cada fio aqui costurado
Toda a criação ao meu redor, iluminando
Cada pedaço de meu ser nessa doce
E angustiante escuridão, recebendo
De volta toda a adoração que desmereço,
Ao colher de cada pedaço fiado desse Mundo
Os frutos de cada amor fantasma
Que sempre me abraça quando, sozinha,
Me sinto abençoada por minhas
Próprias assombrações.